PEREIRA (Pe. Bartolomeu). PACIECIDOS Libri Duodecim. Conimbricae. 1640.[...]
PEREIRA (Pe. Bartolomeu)
PACIECIDOS Libri Duodecim. Decantatur Clarissimus P. Franciscus Paciecus, Lusitanus, Põtilimensis, e Societate Iesu, Iapponiae Provincialis, eiusde[m] Ecclesiae Gubernator, ibique viuus pro Christi fide lento igne concrematus. Anno 1626. Parentem Associant quotquot ex eadem Societate in Iapponia pro Christo gloriose occubuerunt. Smo. Patri Urbano Octavo Iapponia. D. & C.. Conimbricae: Expensis Emmanuelis de Carvalho, 1640.
A-Q8; [22], 218, [16] pp.; 150 mm. Encadernação inteira de pele da época, um pouco cansada; acidez; aparado; corte das folhas carminado; ocasionais restauros marginais.
PRIMEIRA EDIÇÃO desta interessantíssima obra que descreve o martírio do Beato Francisco Pacheco em Nagasaki a 20 de Junho de 1626 no tempo da perseguição japonesa à religião cristã.
O presente exemplar é, muito provavelmente, uma variante da primeira edição, possuindo algumas diferenças para outro exemplar que já tivémos em leilão (ref.ª S174-147) e os registos em várias bibliotecas públicas, em particular na Biblioteca Nacional. As assinaturas dos cadernos neste exemplar são seguidas de A a Q com 8 fólios por caderno. As referências a outros exemplares possuem assinaturas de cadernos com a cruz de cristo nos fólios preliminares, começando o caderno A com o texto. Também não possui colofon, terminando o Índice com a indicação “Laus Deo”, forma que difere do exemplar que já vendemos, assim como do referido por José dos Santos (vd. Samodães, 2378). Esta variante não possui a folha de erratas. Pelo que nos é dado a perceber pelas assinaturas dos cadernos, está completo, eventualmente faltando apenas a gravura que alguns exemplares possuem, mas que desconhecemos se pertence a esta variante. Não nos foi possível determinar se esta variante é anterior ou posterior às referenciadas.
Natural de Ponte de Lima, o Beato Francisco Pacheco nasceu em 1566, tendo professado a religião Jesuíta com vinte anos de idade, em 1586, em Lisboa. Logo se aventurou na missão, tendo viajado com Francisco de Melo a 7 de Abril de 1592 para a Índia. Em Goa iniciou os seus estudos teológicos, tendo ensinado aquela disciplina no Colégio de São Paulo de Macau. Durante estes anos de ensino, dedicou-se ao estudo do japonês, tendo chegado àquele país em 1604 onde permaneceu por 4 anos, passando por Osaka e Sakai. Após um curto regresso ao Colégio de São Paulo de Macau, de novo volta ao Japão até ao decreto de expulsão dos cristãos por Tokugawa Hidetada, em 1614. Nesse ano, o Beato Francisco Pacheco volta de novo a Macau, mas logo em Junho de 1615 disfarça-se e entra no país como superior da comarca de Arima e das ilhas de Amakusa até 1619, tendo sido nomeado provincial em Outubro de 1621. Quatro anos depois foi capturado em Nagasaki e, junto com outros 8 companheiros, morreu na fogueira. Deixou várias cartas escritas, dando conta dos seus sucessos e insucessos na administração da religião no Japão, e onde, segundo alguns autores, se denota ter sido um superior prudente e bom. Foi beatificado por Pio IX a 7 de Julho de 1867.
O autor da obra foi sobrinho do Beato Francisco Pacheco que, seguindo os passos de seu tio, ingressou na Companhia. Segundo José dos Santos, a obra conheceu outras duas edições, a primeira, em língua latina, impressa em Génova, 1750 e uma segunda, com texto original latino e respectiva tradução para francês, acompanhada de biografia do autor e outras notas em Paris, 1887.
Alguns exemplares possuem um retrato do Beato Francisco Pacheco ajoelhado, à beira-mar, virado à direita, acorrentado de pés e mãos; à direita, fogueira e, à esquerda, navio com as armas portuguesas; na parte superior da composição, resplendor com trigrama da Companhia de Jesus envolto em moldura de nuvens, rematada, em baixo, por filactera com a legenda "Ex utroque Paciecus".
bib: Barbosa, v.1, p. 472-473; Samodães, 2378; Dicionário Histórico de la Compañia de Jesús, directores Charles E. O’Neill e Joaquín Maria Dominguez, Madrid, Universidad de Comillas, 2001, v. 3, p. 2940